DESENHO DE CARGO NAS PREFEITURAS: Uma necessidade emergencial

Sempre que ocorre um pleito eleitoral, observamos grupos distintos de pessoas que simpatizam com um candidato ou outro de uma forma mais próxima. Dentro destes grupos, pessoas de todos os níveis sociais, de formação escolar desde o fundamental a mestres e doutores, bem como uma grande parte de analfabetos (funcionais ou não). Muitos com propósito de auxiliar ativamente nas ações governamentais, outros com o simples intuito de tirar proveito da máquina pública para seu próprio usufruto. Contudo, ao chegar no objetivo final (que, na maioria das vezes, trata-se de uma vaga de trabalho), muitos encontram uma realidade crua (para não dizer cruel) e escura. Salários incompatíveis com as funções, valores morais deturpados por uma cultura de sujeira e faz de conta, realidades que não podem ser contestadas (senão é demissão quase certa), enfim... Enquanto alguns poucos conseguem tirar algum proveito da chamada “viúva”, uma maioria de militantes e esperançosos por avanços vão se deparando com um contraste de ideias e de fatos. Sempre tem alguém a espera da saída de outro para que possa assumir seu lugar ao sol.
Entretanto, no momento da contratação, nunca (ou quase nunca) recebem algum tipo de documento escrito sobre suas reais atribuições, direitos e deveres. O Desenho de Cargos nas prefeituras, principalmente em regiões interioranas, é uma realidade que atormenta funcionários de carreira e novatos temporários. O indivíduo assume um cargo e não sabe ao certo seus reais limites e abrangência de suas atribuições funcionais. Os resultados são a desmotivação, estresses, doenças, perda de perspectiva de futuro. O chamado “faz de tudo um pouco” é um dos que mais sofrem com este tipo de desleixo das gestões públicas, mesmo sabendo que o próprio servidor tem prerrogativas para solicitar a discriminação de suas funções por escrito. Entra como auxiliar administrativo, mas atua como técnico especializado. Entra como coordenador, atua como gestor. Entra como digitador, atua como coordenador. Sem falar em técnicos que são atribuídas determinações exaustivas de responsabilidade. Todavia, pessoas estressadas produzem menos e com maiores possibilidades de erro. E a motivação, para elas, muitas vezes não se trata apenas de remunerações financeiras, já que, além destas, há outros valores que podem ser atribuídos como integrantes de um salário motivador, tais como: reconhecimento pela qualidade, materiais de trabalho adequados, bom ambiente de trabalho, etc.
Enquanto essas e outras questões não forem resolvidas, teremos ainda muitos profissionais de atendimento ao público prestando serviços incompletos, incorretos e desonestos consigo mesmo e com a máquina administrativa pública. Sem um verdadeiro e significativo estímulo, não há resposta pretendida. O problema existe não agora, mas existiu sempre e, enquanto não houver uma mudança sistematizada e contínua nas maneiras de gerir e reconhecer os serviços, continuará assim por muitos e muitos anos.